quinta-feira, 8 de abril de 2010

A Caixa


Cheguei do trabalho um pouco mais tarde hoje, entrei no quarto peguei a caixa e levei para o quintal.
Depois de depositar a caixa cuidadosamente no centro do quintal fui até a cozinha e peguei um litro de álcool e um isqueiro.
Voltei ao quintal encharquei tudo com o álcool, respirei fundo, repensei tudo quis desistir, mas a magoa foi maior e ascendi o fogo.
Sentei no banco e fiquei vendo tudo queimar. Todas as promessas, declarações e desabafos. Flutuei num mundo morto por entre as cinzas que começavam a aparecer.
Fiquei inquieto fazendo um esforço gigante para não levantar e pegar um copo de água, mas sabia que não adiantaria nada. Nada que eu fizesse agora iria mudar o que eu tava sentindo.

Minha mãe veio e me olhou com aqueles olhos profundos e o rosto triste de quem nada pode fazer para ajudar. Quis saber por que eu estava queimando tudo e só o que pude dizer foi que às vezes temos que apagar o passado, nos livrar das coisas que nos fazem sofrer. Fiquei ali cutucando o fogo garantindo que cada pedacinho de papel iria queimar que nenhuma daquelas mentiras sobraria numa tentativa de que minha memória também sumisse.
Tentei chorar, fiz força me retorci, mas não saiu nenhuma lágrima. Parece que um sentimento ainda queria continuar em mim para me maltratar por mais alguns anos.

E agora tudo estava queimado e eu ainda revirando cinzas tentando fazer com que o ritual demorasse mais, porque aquela era a ultima vez que eu veria aquelas coisas todas e em meio às cinzas encontrei uma pequena pedra em forma de coração, o ultimo presente ainda inteiro. Peguei a pedra ainda quente queimando os dedos há coloquei em cima de uma pedra e com uma única martelada a parti em mil pedaços.

quarta-feira, 7 de abril de 2010

Os Dias Que Não Estivemos Aqui

Quando há conheci embaixo da chuva
Ela disse que procurava fantasmas na água
E que sempre tinha um furo na memória
Eu apenas ri.

Disse que não há nada pra mim
Nessa cidade,
Nada que não seja ela
Só quero ir embora e te levar comigo.

Nunca mais posso voltar a ser o que era
Sou o fantasma que você procura na chuva
Ela ri e diz que me conhece, mas que amanhã
quando a chuva acabar não serei mais que uma sombra.

Então digo que vou indo , mas posso voltar amanhã?
Tomar mais uma dose de você?
Vamos deixar a rua e com ela nossa juventude
E os próximos dias serão os dias que não estivemos aqui.