quarta-feira, 27 de outubro de 2010


O homem pálido senta-se outra vez em sua cadeira, na sua mesa a tela de neon como um ídolo a ser adorado. As luzes da caixa mágica se acendem e dão inicio a mais um dia de teste de paciência e nervos. Não vê amor nem vida, somente existe a luz bruxuleante daquele mundo artificial que se estende perante seus olhos. O carrasco cospe suas ordens aos quatro cantos, exigindo cada segundo do seu intelecto. No fim de tarde ele respira aliviado, tentando se desgarrar dos efeitos da tortura psicologia, da sensação de se sentir uma maquina orgânica, de ser produtivo a cada instante e não parar para sorrir ou sonhar, esconder a vergonha de saber que está vendendo sua vida, suas horas de oxigênio...

Segue cada dia do seu clico vicioso, caminha à noite pelo cinza da cidade enquanto milhões de buzinas embaralham seus pensamentos e os prédios escondem as estrelas. Mais e mais vai perdendo a humanidade, ficando mais calado e se trancando num mundo de fones de ouvido.
Apesar de tudo ainda tem sonhos, mesmo que escondido de seu desanimo e em alguma esquina quem sabe encontre um olhar e o olhar vire um sorriso e junte esse sorriso ao seu e os leve até o infinito da redenção.

3 comentários:

Nina disse...

Pobre homem.. Só precisa achar o caminho pra ser feliz (eu sei, isso é o mais difícil, mas não é motivo pra não tentar).

Maíra Souza disse...

"Apesar de tudo ainda tem sonhos, mesmo que escondido de seu desanimo e em alguma esquina quem sabe encontre um olhar e o olhar vire um sorriso e junte esse sorriso ao seu e os leve até o infinito da redenção. "
*__*

Ainda bem que tem sonhos, se não, o que mais haveria pra tentar preencher os dias vazios e as noites de insônias?

BjO

deh. disse...

E a gente cria mesmo essas raízes, se acomoda com a indiferença e até acha que é feliz no seu próprio mundinho. Isolando-se do mundo exterior, as coisas até parecem mais fáceis e o que é triste quase se torna irreal (apenas imagens distantes que poderia fazer parte do videoclipe dessa ou daquela música). E, por sorte, ainda guarda os sonhos. Pensa numa vida sem sonhos.. Entristeço-me só de imaginar tamanho caos.