segunda-feira, 27 de setembro de 2010

No cemitério das palavras

Nos textos é onde enterro meus mortos
Nas frases é onde invoco os fantasmas
E nas palavras lacro as sepulturas

Sim você morreu nestas linhas
Sim eu te chamei nas estrofes
Tenho um mundo de espíritos esquecidos
De todos os dias que venho enterrando
Nessas tantas mortes que sofremos
Dia após dia, morremos e nascemos
Sempre começando do zero
Sempre tentando reconquistar um ao outro

Nos textos é onde enterro meus mortos
Nas frases eu criei mausoléus
Para lacrar o seu sorriso junto ao meu
Em todo dia que se vai
Enterrando meus anseios
Deixando pra lá tudo que morre
Tudo que me atormenta
Tudo que fui para dar lugar há tudo que serei
Enterrar tudo que fomos
E dar lugar a tudo que seremos

terça-feira, 14 de setembro de 2010

A carreta fantasma


Era mais uma discussão sobre coisas banais, mais uma de muitas outras.
Era um carro na estrada com uma garota e um cara há discutir e numa curva era uma carreta que vinha a mil. E agora era um carro partido em dois, cada parte em um canto da estrada e uma pessoa junto a cada parte.

Ninguém morreu simplesmente se levantaram e sacudiram a poeira. A carreta continua sua jornada, mas sua carroceria não acabava continuava e continuava como uma locomotiva sem fim com centenas e centenas de rodas esmagando o asfalto e dividindo a estrada ao meio.

Era um cara de um lado, era uma garota do outro, ambos queriam ir um pro lado do outro, mas não podiam atravessar aquela muralha móvel. Ele gritou, ela chorou, jogaram pedras ficaram com raiva ficaram tristes. Um podia ouvir a voz do outro em meio ao rugido de engrenagens milenares tão desgastadas e secas que criavam um lamento percorrendo quilômetros angustiando ouvidos e corações.

Uns dizem que ela era o próprio mal brincando com as pessoas, outros dizem que era guiada pelo próprio demônio e ainda outros dizem que foi criada pelo homem, mas ninguém sabe ao certo por que ela anda ou quando vai parar, dividindo sonhos e vidas.
Era agora um cara de um lado e uma garota do outro, não podiam mudar lado só podiam agora seguir seu próprio caminho.

domingo, 12 de setembro de 2010

Homem de lata


O céu se estende como um tapete negro com pontos brilhantes espalhados como os destroços de uma velha explosão.
E eu deitado vendo esses pontos de milhões e milhões de sois dessas incontáveis galáxias perdidas enquanto abraço o vazio que vem sendo a força mais presente em minha vida, preenchendo e cravando suas garras em minha existência e me transformando numa máquina fria e insensível.

Então! Tente me salvar!

Porque você tem a chave pra me tirar dos braços da solidão e quebrar as engrenagens desgastadas que me arrastam pelos dias fazendo de mim cada vez mais máquina.

terça-feira, 7 de setembro de 2010

Night Road


E me joguei na escuridão da estrada
E escuro estava meu coração
Cercado de sombras e incertezas
Das palavras não ditas, do seu olhar no fim do dia
Contei os faróis de cada carro
Que encontrei pelo caminho
Até chegar à Babilônia outra vez
E por lá eram tantos carros
Que não podia mais contar
São tantos rostos agora
Que você não pode ver o meu
E são tantas luzes mais brilhantes
Que ofuscam a minha estrela
E sendo uma luz de pouco brilho
Eu não posso iluminar o seu dia